domingo, 30 de maio de 2010

O Período Entre-Guerras

A década de 20


Os EUA,pós 1ª guerra, passaram por uma década de desenvolvimento em escalas cada vez mais surpreendentes: com o parque industrial da Europa em ruínas e se reerguendo dos estragos da guerra, os EUA se tornaram uma potência exportadora de produtos (tanto agrícolas quanto industriais), especialmente para os países europeus. Assim, a atividade industrial americana crescia assustadoramente, juntamente com o consumo interno: incentivados por crédito fácil, preços baixos e uma confiança cada vez maior na economia, os americanos (especialmente a classe média) aumentaram sua taxa de consumo a níveis galopantes (bem maiores que sua real capacidade de gasto – ou seja, compravam com dinheiro que não tinham), criando o ideal de consumo conhecido até hoje como “the american way of life”. O aumento exorbitante do consumo incentivava as empresas a aumentar a produtividade, o que aumentava a confiança externa na economia como um todo. Mas, simultaneamente à prosperidade econômica americana nos anos que sucederam a 1ª Guerra, ocorreu a recuperação da economia das potências européias, que em 1927 já voltavam a produzir 15% a mais que a produção anterior ao conflito. Assim, não era mais necessário importar tantos produtos dos EUA – muito pelo contrário, os produtos europeus começaram a fazer concorrência aos americanos, causando uma baixa nos preços. O mais inteligente a se fazer com o consumo externo (e também o interno) diminuindo seria reduzir também a oferta de produtos (assim os preços se manteriam). Mas a produção não foi reduzida e os preços começaram a cair: daí a crise de superprodução, que gerou prejuízo para muitas empresas, inclusive empresas que tinham preços de ações altíssimos. Percebendo que as ações que compravam eram de empresas em prejuízos, muitos investidores começaram a retirar seus investimentos e vender suas ações (na maioria das vezes a preços cada vez mais baixos) – era a bolha especulativa estourando de vez e resultando na Quebra/Crack da Bolsa de Valores de Nova Iorque, centro financeiro do mundo, na chamada Quinta-Feira Negra (24 de outubro de 1929). Era o colapso do capitalismo liberal , não só nos EUA, mas em todo mundo: a crise atingiu todos os continentes e, em menos de 3 anos, quadruplicou o desemprego, reduzindo o volume de transações comerciais para um terço do que era em 1929. Era hora de se repensar o capitalismo e o liberalismo.

1929 – 1932: o Pré-Guerra – Recuperação Econômica e Fortalecimento do Estado

Com a crise de 1929 e a consequente Depressão Mundial de 1930, os valores liberais foram por terra: se o maior pólo industrial, comercial e liberal do mundo ruiu, não há porque manter o capitalismo com as bases liberais. A idéia então, foi a retomada do controle da economia por parte do Estado.Um dos maiores exemplos de intervenção estatal na economia aconteceu nos EUA quando, em 1932, subiu ao poder o democrata Franklin D. Roosevelt. Inspirado e baseado nas projeções e ideias econômicas de John Maynard Keynes (que foi inclusive seu assessor), Roosevelt instaurou no país o pacote de medidas chamado de “New Deal” (novo acordo, novo negócio). O New Deal era um plano intervencionista que aumentava a participação do Estado na economia através do aumento dos gastos públicos (mais obras estatais para gerar mais empregos), das leis trabalhistas (que favoreciam o trabalhador, tais como a diminuição da jornada de trabalho para 8 horas, a extinção do trabalho infantil, a organização dos sindicatos trabalhistas, entre outros) e do protecionismo estatal (priorizando as exportações em detrimento das importações). O New Deal foi base para muitos planos estatais europeus e gerou, na década seguinte, o Welfare State (Estado do Bem-Estar Social, conjunto de políticas assistencialistas que ficou popular depois da 2ª Guerra para impedir o avanço das políticas coletivistas socialistas).

Introdução : As causas da Segunda Guerra Mundial

Um conflito desta magnitude não começa sem importantes causas ou motivos. Podemos dizer que vários fatores influenciaram o início deste conflito. Quase todos os historiadores concordam que a causa diplomática mais profunda da Segunda Guerra Mundial tem sua origem no Tratado de Versalhes, assinado entre as potências vencedoras da Primeira Grande Guerra. Estas sanções aplicadas pelos vencedores tornaram-se fonte de amargos rancores, que facilmente foram explorados pela extrema direita nacionalista (nazistas que começam a proliferar na Alemanha em 1919). O grande erro do Tratado de Versalhes foi ter ferido profundamente o sentimento nacional dos alemães, e, por outro lado, não lhes ter suprimido o potencial industrial.

A crise econômica que se abate sobre o sistema capitalista mundial a partir de 1929, vai ser o fator mais poderoso para que um novo arranjo do poder em escala mundial seja pleiteado. Tanto a Itália quanto a Alemanha passavam por uma grave crise econômica no início da década de 1930, com milhões de cidadãos sem emprego.

Há então o surgimento, na década de 1930, na Europa, de governos totalitários com fortes objetivos militaristas e expansionistas. Na Alemanha surgiu o nazismo, liderado por Hitler e que pretendia expandir o território Alemão, desrespeitando o Tratado de Versalhes, inclusive reconquistando territórios perdidos na Primeira Guerra. Na Itália estava crescendo o Partido Fascista, liderado por Benito Mussolini, que se tornou o Duce da Itália, com poderes sem limites. Uma das soluções tomadas pelos governos fascistas destes países foi a industrialização, principalmente na criação de indústrias de armamentos e equipamentos bélicos (aviões de guerra, navios, tanques etc).

Na Ásia, o Japão também possuía fortes desejos de expandir seus domínios para territórios vizinhos e ilhas da região. Estes três países, com objetivos expansionistas, uniram-se e formaram o Eixo. Um acordo com fortes características militares e com planos de conquistas elaborados em comum acordo.

O Início

O marco inicial ocorreu no ano de 1939, quando o exército alemão invadiu a Polônia. De imediato, a França e a Inglaterra declararam guerra à Alemanha. De acordo com a política de alianças militares existentes na época, formaram-se dois grupos : Aliados (liderados por Inglaterra, URSS, França e Estados Unidos) e Eixo (Alemanha, Itália e Japão ).

Desenvolvimento e Fatos Históricos Importantes:

• O período de 1939 a 1941 foi marcado por vitórias do Eixo, lideradas pelas forças armadas da Alemanha, que conquistou o Norte da França, Iugoslávia, Polônia, Ucrânia, Noruega e territórios no norte da África. O Japão anexou a Manchúria, enquanto a Itália conquistava a Albânia e territórios da Líbia.

• Em 1941 o Japão ataca a base militar norte-americana de Pearl Harbor no Oceano Pacífico (Havaí).

• De 1941 a 1945 ocorreram as derrotas do Eixo, iniciadas com as perdas sofridas pelos alemães no rigoroso inverno russo. Neste período, ocorre uma regressão das forças do Eixo que sofrem derrotas seguidas. Com a entrada dos EUA, os aliados ganharam força nas frentes de batalhas.

• O Brasil participa diretamente, enviando para a Itália (região de Monte Cassino) os pracinhas da FEB, Força Expedicionária Brasileira. Os cerca de 25 mil soldados brasileiros conquistam a região, somando uma importante vitória ao lado dos Aliados.

Final e Consequências

Este importante e triste conflito terminou somente no ano de 1945 com a rendição da Alemanha e Itália. O Japão, último país a assinar o tratado de rendição, ainda sofreu um forte ataque dos Estados Unidos, que despejou bombas atômicas sobre as cidades de Hiroshima e Nagazaki. Uma ação desnecessária que provocou a morte de milhares de cidadãos japoneses inocentes, deixando um rastro de destruição nestas cidades.

Os prejuízos foram enormes, principalmente para os países derrotados. Foram milhões de mortos e feridos, cidades destruídas, indústrias e zonas rurais arrasadas e dívidas incalculáveis. O racismo esteve presente e deixou uma ferida grave, principalmente na Alemanha, onde os nazistas mandaram para campos de concentração e mataram aproximadamente seis milhões de judeus.

Com o final do conflito, em 1945, foi criada a ONU ( Organização das Nações Unidas ), cujo objetivo principal seria a manutenção da paz entre as nações. Inicia-se também um período conhecido como Guerra Fria, colocando agora, em lados opostos, Estados Unidos e União Soviética. Uma disputa geopolítica entre o capitalismo norte-americano e o socialismo soviético, onde ambos países buscavam ampliar suas áreas de influência sem entrar em conflitos armados.

A GUERRA FRIA

A Guerra Fria tem início logo após a Segunda Guerra Mundial, pois os Estados Unidos e a União Soviética vão disputar a hegemonia política, econômica e militar no mundo.

A União Soviética possuía um sistema socialista, baseado na economia planificada, partido único (Partido Comunista), igualdade social e falta de democracia. Já os Estados unidos, a outra potência mundial, defendia a expansão do sistema capitalista, baseado na economia de mercado, sistema democrático e propriedade privada. Na segunda metade da década de 1940 até 1989, estas duas potências tentaram implantar em outros países os seus sistemas políticos e econômicos.

A definição para a expressão guerra fria é de um conflito que aconteceu apenas no campo ideológico, não ocorrendo um embate militar declarado e direto entre Estados Unidos e URSS. Até mesmo porque, estes dois países estavam armados com centenas de mísseis nucleares. Um conflito armado direto significaria o fim dos dois países e, provavelmente, da vida no planeta Terra. Porém ambos acabaram alimentando conflitos em outros países como, por exemplo, na Coréia e no Vietnã.



Paz Armada

Na verdade, uma expressão explica muito bem este período: a existência da Paz Armada. As duas potências envolveram-se numa corrida armamentista, espalhando exércitos e armamentos em seus territórios e nos países aliados. Enquanto houvesse um equilíbrio bélico entre as duas potências, a paz estaria garantida, pois haveria o medo do ataque inimigo.

Nesta época, formaram-se dois blocos militares, cujo objetivo era defender os interesses militares dos países membros. A OTAN - Organização do Tratado do Atlântico Norte (surgiu em abril de 1949) era liderada pelos Estados Unidos e tinha suas bases nos países membros, principalmente na Europa Ocidental. O Pacto de Varsóvia era comandado pela União Soviética e defendia militarmente os países socialistas.

Alguns países membros da OTAN : Estados Unidos, Canadá, Itália, Inglaterra, Alemanha Ocidental, França, Suécia, Espanha, Bélgica, Holanda, Dinamarca, Áustria e Grécia.

Alguns países membros do Pacto de Varsóvia : URSS, Cuba, China, Coréia do Norte, Romênia, Alemanha Oriental, Albânia, Tchecoslováquia e Polônia.

Corrida Espacial

EUA e URSS travaram uma disputa muito grande no que se refere aos avanços espaciais. Ambos corriam para tentar atingir objetivos significativos nesta área. Isso ocorria, pois havia uma certa disputa entre as potências, com o objetivo de mostrar para o mundo qual era o sistema mais avançado. No ano de 1957, a URSS lança o foguete Sputnik com um cão dentro, o primeiro ser vivo a ir para o espaço. Doze anos depois, em 1969, o mundo todo pôde acompanhar pela televisão a chegada do homem a lua, com a missão espacial norte-americana.

Caça às Bruxas

Os EUA liderou uma forte política de combate ao comunismo em seu território e no mundo. Usando o cinema, a televisão, os jornais, as propagandas e até mesmo as histórias em quadrinhos, divulgou uma campanha valorizando o "american way of life". Vários cidadãos americanos foram presos ou marginalizados por defenderem idéias próximas ao socialismo. O Macartismo, comandado pelo senador republicano Joseph McCarthy, perseguiu muitas pessoas nos EUA. Essa ideologia também chegava aos países aliados dos EUA, como uma forma de identificar o socialismo com tudo que havia de ruim no planeta.

Na URSS não foi diferente, já que o Partido Comunista e seus integrantes perseguiam, prendiam e até matavam todos aqueles que não seguiam as regras estabelecidas pelo governo. Sair destes países, por exemplo, era praticamente impossível. Um sistema de investigação e espionagem foi muito usado de ambos os lados. Enquanto a espionagem norte-americana cabia aos integrantes da CIA, os funcionários da KGB faziam os serviços secretos soviéticos.

"Cortina de Ferro"

Após a Segunda Guerra, a Alemanha foi dividida em duas áreas de ocupação entre os países vencedores. A República Democrática da Alemanha, com capital em Berlim, ficou sendo zona de influência soviética e, portanto, socialista. A República Federal da Alemanha, com capital em Bonn (parte capitalista), ficou sob a influência dos países capitalistas. A cidade de Berlim foi dividida entre as quatro forças que venceram a guerra : URSS, EUA, França e Inglaterra. No final da década de 1940 é levantado Muro de Berlim, para dividir a cidade em duas partes : uma capitalista e outra socialista. É a vergonhosa "cortina de ferro".

Plano Marshall e COMECON

As duas potências desenvolveram planos para desenvolver economicamente os países membros. No final da década de 1940, os EUA colocaram em prática o Plano Marshall, oferecendo ajuda econômica, principalmente através de empréstimos, para reconstruir os países capitalistas afetados pela Segunda Guerra Mundial. Já o COMECON foi criado pela URSS em 1949 com o objetivo de garantir auxílio mútuo entre os países socialistas.

Fim da Guerra Fria

A falta de democracia, o atraso econômico e a crise nas repúblicas soviéticas acabaram por acelerar a crise do socialismo no final da década de 1980. Em 1989 cai o Muro de Berlim e as duas Alemanhas são reunificadas. No começo da década de 1990, o então presidente da União Soviética Gorbachev começou a acelerar o fim do socialismo naquele país e nos aliados. Com reformas econômicas, acordos com os EUA e mudanças políticas, o sistema foi se enfraquecendo. Era o fim de um período de embates políticos, ideológicos e militares. O capitalismo vitorioso, aos poucos, iria sendo implantado nos países socialistas.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Conferência das partes da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre mudança do clima

Convenção das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas


Conferência das Partes - Estrutura e Funcionamento

A Convenção das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas foi instituída como uma Convenção Quadro, em 1992, quando da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável – ECO-92, com o principal objetivo de estabilizar as emissões atmosféricas de gases de efeito estufa, em nível que possa impedir interferência perigosa sobre o sistema climático global.

COP 1 - 1995 Inicia o processo de negociação de metas e prazos específicos para a redução de emissões de gases de efeito estufa para os países desenvolvidos. É sugerida a constituição de um Protocolo.

COP 2 - 1996 É acordado a criação de obrigações legais de metas de redução por meio da Declaração de Genebra.

COP 3 - 1997 Culminou com a adoção do Protocolo de Quioto, estabelecendo metas de redução de gases de efeito estufa para os principais países emissores.



COP 4 - 1998 O Plano de Ação de Buenos Aires é elaborado, visando um plano de trabalho para implementar e ratificar o Protocolo de Quioto.



COP 5 - 1999 Deu continuidade aos trabalhos iniciados em Buenos Aires.



COP 6 - 2000 As negociações são suspensas pela falta de acordo entre, especificamente, a União Européia e os Estados Unidos em assuntos relacionados a sumidouros e às atividades de mudança do uso da terra.



COP 7 - 2001 As negociações são retomadas, porém, com a saída dos Estados Unidos do processo de negociação, sob a alegação de que os custos para a redução de emissões seriam muito elevados para a economia americana, bem como a contestação sobre a inexistência de metas para os países do sul.

COP 8 - 2002 Iniciou a discussão sobre o estabelecimento de metas de uso de fontes renováveis na matriz energética dos países.

COP 9 - 2003 Entra em destaque a questão da regulamentação de sumidouros de carbono no âmbito do MDL(Mecanismo de desenvolvimento limpo).



COP 10 - 2004 São aprovadas as regras para a implementação do Protocolo de Quioto e discutidas as questões relacionadas à regulamentação de projetos de MDL de pequena escala de reflorestamento/florestamento, o período pós-Quioto e a necessidade de metas mais rigorosas.

COP 11/ MOP1 - 2005 11ª Conferência das Partes e 1ª Reunião das Partes do Protocolo de Quioto (MOP1). Primeira conferência realizada após a entrada em vigor do Protocolo de Quioto. Pela primeira vez, a questão das emissões oriundas do desmatamento tropical e mudanças no uso da terra é aceita oficialmente nas discussões no âmbito da Convenção.



COP 12/MOP2 - 2006 Representantes de 189 nações assumem o compromisso de revisar o Protocolo de Quioto e regras são estipuladas para o financiamento de projetos de adaptação em países pobres. O governo brasileiro propõe oficialmente a criação de um mecanismo que promova efetivamente a redução de emissões de gases de efeito estufa em países em desenvolvimento oriundas do desmatamento.



COP 13/MOP3 - 2007 Pela primeira vez a questão de florestas é incluída no texto da decisão final da Conferência para ser considerada no próximo tratado climático, tendo os países um prazo até 2009 para definir as metas de redução de emissões oriundas do desmatamento em países em desenvolvimento pós-2012.



COP 14/MOP4 - 2008 Continuidade no processo de negociações estabelecido pelo “Mapa do Caminho de Bali” (Bali Road Map) em 2007 com o objetivo de definir um novo acordo legal nas decisões de Copenhagen, em 2009, durante a COP15/MOP5.



COP15/MOP15 -2009 Término do período de dois anos de negociações estabelecido pelo “Mapa do Caminho de Bali” (Bali Road Map), definição de um acordo internacional que substituirá o Protocolo de Quioto, que deverá estabelecer novas metas para os países do Anexo I e deverá incluir metas de redução de emissões oriundas de desmatamento em países em desenvolvimento, pós-2012.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Revoluções agrícola, Verde e Transgênicos

Professor Rodrigo - Geografia
A evolução da capacidade de produção, nos últimos 50 anos, foi em média superior ao crescimento da população mundial. Apesar disso, segundo a FAO (Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação), neste início de milênio, 852 milhões de pessoas viviam em estado de fome crônica ou de subnutrição, sendo que 815 milhões nos países subdesenvolvidos.

O espaço rural de vários países se modernizou. A mecanização agrícola, o uso da biotecnologia, de sistemas de estocagem e escoamento da produção tornaram a agropecuária mais produtiva e competitiva. Os investimentos e o controle da produção agrícola por grandes empresas disseminou a utilização de produtos apropriados à correção do solo, de adubos químicos, de agrotóxicos, de rações, de sementes geneticamente modificadas, etc. Por outro lado, diversas regiões do mundo vivem as tragédias da subnutrição e da fome.

O Brasil em seu imenso território vive essa mesma contradição. Coloca-se entre os dez maiores exportadores agrícolas mundiais, desenvolve uma agricultura moderna e de elevada competitividade, possui o maior rebanho bovino comercial do mundo, ao mesmo tempo em que uma parte expressiva da população rural vive em condições miseráveis.

A revolução agrícola

O primeiro grande avanço tecnológico nas atividades agropecuárias ocorreu dentro do mesmo processo da Revolução Industrial, no século 18. Os países que se industrializaram nesse período modernizaram os seus sistemas de cultivo, elevaram a produção e a produtividade - produzir mais com menos terra e mão-de-obra -- introduziram novas técnicas com o desenvolvimento de instrumentos agrícolas.

A migração para as cidades, nesse período, também diminuiu o número de pessoas envolvidas nas atividades agrícolas. Dessa forma, a Revolução Industrial e a intensa urbanização0 gerada por ela exigiram uma Revolução Agrícola, capaz de ampliar o fornecimento de matérias-primas à indústria e a produção de alimentos necessária ao abastecimento de uma população que se urbanizava.

A Revolução Verde

A partir da segunda metade do século 20, os países desenvolvidos criaram uma estratégia de elevação da produção agrícola mundial por meio da introdução de técnicas mais apropriadas de cultivo, mecanização, uso de fertilizantes, defensivos agrícolas e a utilização de sementes VAR (Variedades de Alto Rendimento) em substituição às sementes tradicionais, menos resistentes aos defensivos agrícolas. Concebido nos Estados Unidos, esse processo ficou conhecido como Revolução Verde. Sua principal bandeira era combater a fome e a miséria dos países mais pobres, por meio da introdução de técnicas mais modernas de cultivo.

Ao mesmo tempo em que modernizou a agricultura em alguns países subdesenvolvidos, a Revolução Verde elevou a dependência em relação aos países mais ricos que detinham a tecnologia indispensável ao cultivo das novas sementes e forneciam os insumos necessários para viabilizar a produção.

A elevação da produtividade diminuiu o preço de diversos produtos para o consumidor, mas o custo dos insumos aumentou numa escala muito maior. A produção de determinados gêneros contemplados pela Revolução Verde era viável quando realizada em grande escala, em grandes propriedades agrícolas.
Dessa forma, muitos pequenos proprietários ligados à agricultura comercial ficaram incapacitados de incorporar essas novas tecnologias, abandonaram suas atividades e venderam as suas propriedades, com impacto desastroso na estrutura fundiária de diversos países, entre eles o Brasil. Quanto à erradicação da fome, a principal promessa da Revolução Verde, os próprios dados da ONU mostram os resultados insuficientes.

A Revolução Transgênica

Os transgênicos são espécies cuja constituição genética foi alterada artificialmente e convertida a uma forma que não existe na natureza. É um ser vivo que recebeu um gene de outra espécie animal ou vegetal. O gene inserido pode vir de outra planta ou mesmo de outra espécie completamente diferente. No caso das plantas a modificação é feita visando um organismo com características diferentes das suas, como por exemplo tornar uma planta mais resistente a pragas e insetos. A planta resultante dessa inserção passa a ser denominada como "geneticamente modificada"
A partir de 1953, com a descoberta da estrutura das moléculas do DNA, a biotecnologia provocou uma nova revolução na agricultura. Com isso o homem viu a possibilidade de manipular, trocar de lugar as letras do código genético e já na década de 70, descobriu-se como unir fragmentos de diferentes espécies.
Através de técnicas utilizadas para alteração de genes em diferentes organismos, com a fusão de genes de espécies diferentes que jamais se cruzariam na natureza, foram criadas diversas variedades transgênicas ou OGMs (Organismos Geneticamente Modificados).
Pouco mais de dez anos depois, as primeiras plantas transgênicas passaram a ser produzidas comercialmente e com isso a biotecnologia ganhou cada vez mais destaque no cenário científico e tecnológico, com a promessa de uma agricultura mais produtiva e menos dependente do uso de agrotóxicos. E com essa promessa vieram também as dúvidas sobre os efeitos secundários dos transgênicos e as conseqüências que podem provocar na saúde e no ambiente.

É uma discussão que envolve oposições econômicas, sociais e ambientais. De um lado estão os defensores da biotecnologia, que defendem o aumento da produção de alimentos a partir da redução de custos a ponto de atacar o problema da fome mundial. De outro lado, estão aqueles que argumentam sobre o impacto ainda desconhecido dos transgênicos sobre a saúde e o meio ambiente.
As principais variedades transgênicas da grande agricultura como soja, milho, algodão, canela, mandioca, tabaco, arroz, tomate e trigo são controladas atualmente por poucas empresas multinacionais como a Novartis, a Monsanto, a Du Pont, a AstraZeneca e a Aventis.
Como as sementes transgênicas, diferentemente das sementes tradicionais, nunca são geradas pela própria planta e, portanto, têm que ser adquiridas a cada novo plantio, teme-se que tais corporações assumam o controle da produção das sementes transgênicas e isso resulte no controle do mercado mundial de alimentos, apesar da vasta produção de produtos orgânicos.
Talvez o mundo não esteja ainda totalmente preparado para os grandes avanços da era da moderna biotecnologia ou tecnologia do DNA recombinante. A chegada da genética como a nova matéria prima da economia, provavelmente irá causar grandes modificações na história da humanidade.

Transgênicos no Brasil

Em março de 2005, foi aprovada pelo Congresso Nacional a Lei da Biossegurança, essa Lei tem o objetivo de proteger a diversidade e a integridade do patrimônio genético do país, ou seja, um conjunto de medidas destinadas à prevenção de riscos em processos de pesquisas, serviços e atividades econômicas que possam garantir a saúde humana e evitar impactos negativos ao meio ambiente. A Lei da Biossegurança funciona através da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança - CNTBio, do Ministério da Ciência e Tecnologia. No Brasil, é crime liberar no ambiente OGMs sem autorização da CTNBio.

A CTNBio é a instituição responsável em proteger a diversidade e integridade do patrimônio genético brasileiro pelo estabelecimento de normas de segurança e de pareceres técnicos relativos que autorizam ou não testes de campo, produção e comercialização de OGMs.
A viabilidade da agricultura menos dependente de insumos e mais produtiva é uma realidade no mundo todo. No Brasil, a questão sobre plantar ou não transgênicos não pode ser dirigida somente às questões voltadas ao mercado consumidor, pois envolvem aspectos de natureza econômica, política e social.
Governos e instituições devem se cercar de todas as garantias que indiquem, previnam e evitem males resultantes da introdução precipitada e em larga escala de qualquer tecnologia que, se usada sem cautela, em vez de ser uma arma capaz de ajudar a produzir alimentos, pode resultar em desastres, uma vez que os riscos à saúde e ao ambiente não foram ainda suficientemente estudados.

Os prós e contra das novas culturas



Na discussão entre os defensores e os opositores dos OMGs, são levantados vários pontos, alguns ainda não possuem resultado científico conclusivo. Conheça alguns deles:

• Argumentos a favor: O argumento mais forte em defesa e difusão da agricultura transgênica é a necessidade urgente de ampliar a produção de alimentos como forma de solucionar o problema da fome no planeta. Tendo em vista o problema da subnutrição em várias partes do globo, acredita-se que a indústria biotecnológica possa na constituição dessas novas culturas, incorporar nutrientes importantes para fornecerem uma alimentação mais completa às populações, como o novo arroz transgênico, rico em vitamina A. Há também a promessa do cultivo dos super alimentos: legumes, grãos e verduras mais nutritivos, resistentes a agrotóxicos, e com menos gordura. Fora isso, pelo que se conhece até aqui, pesa a favor dos transgênicos a melhor adaptação às mais diferentes características de solo e variação de temperaturas, logo, são culturas mais resistentes, produtivas e menos dependentes de agrotóxicos que as tradicionais.

• Argumentos contra: O principal argumento contra o cultivo dos transgênicos seria a dúvida sobre seus efeitos secundários e as conseqüências que podem provocar à saúde e ao fato de se tornarem incontroláveis uma vez lançados no meio ambiente. Ou seja, seu impacto na saúde e na natureza ainda é desconhecido.
Outro fator contrário ao cultivo dos OMGs atinge diretamente a área econômica. Segundo a OMC (Organização Mundial do Comércio) a engenharia genética poderá aumentar o domínio dos países pobres pelos detentores dessas tecnologias, ou seja, os países ricos. Para os opositores aos OMGs, o argumento defendido quanto ao combate à fome não deve ser levado em conta, uma vez que a produção agrícola no mundo é suficiente para isso, o grande problema é sua má distribuição.




REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

Cláudio Mendonça: Professor do Colégio Stockler e autor de "Geografia Geral e do Brasil" (Ensino Médio) e "Território e Sociedade no Mundo Globalizado" (Ensino Médio).

http://educacao.uol.com.br/geografia/ult1701u13.jhtm

terça-feira, 19 de janeiro de 2010


Terremoto no Haiti: o requiém de um País sofrido.

As tragédias sempre abalaram o Haiti.

Região, onde hoje está o Haiti, que foi cedida à França pela Espanha em 1697 foi, no século XVIII, a mais próspera colônia francesa na América, graças à exportação de açucar, cacau e café.
Após uma revolta de escravos, a servidão foi abolida em 1794. Nesse mesmo ano, a França passou a dominar toda a ilha. Mas em 1801, o ex-escravo Toussint Louverture tornou-se governador-geral, mas, logo depois, foi deposto e morto pelos franceses. O líder Jacques Dessalines organizou o exército e derrotou os franceses em 1803. No ano seguinte, foi declarada a independência e Dessalines proclamou-se imperador..
Depois de 1804, para que o exemplo fundando a primeira nação americana livre da escravidão não galvanizasse as Américas, os escravistas europeus e estadunidenses mantiveram o Haiti sob bloqueio comercial por 60 anos.
Posteriormente, para por fim ao bloqueio, o Haiti, sob o governo de Jean Pierre Boyer, cercado por pela frota da ex-metrópole, concordou em assinar um tratado pelo qual seu país pagaria à França uma indenização de 150 milhões de francos a título de indenização. A dívida depois foi reduzida para 90 milhões, mas assim mesmo isso exauriu a economia.
De lá para cá, o País nunca mais se equilibrou. Seu povo foi vítima de uma ditadura que passou de pai para filho (Papa Doc para Baby Doc) de 1957 a 1986, que governou com mão de ferro o País.
Depois de mais um período de grande conturbação política, foram realizadas eleições presidenciais livres em dezembro de 1990, vencida pelo padre Jean Bertrand Aristides. Em setembro de 1991, Aristide foi deposto num golpe de Estado liderado pelo General Raul Cerdas e se exilou nos EUA. A Organização dos Estados Americanos (OEA), a Organização das Nações Unidas (ONU) e os EUA impuseram sanções econômicas ao país para forçar os militares a permitirem a volta de Aristide ao poder.

Mais desgraça ao povo..

Aristides retorna ao poder, mas em seguida, sob suspeita de fraudes eleitorais, Aristides foi retirado do país por militares norte-americanos, contra sua vontade, e conseguiu asilo na África do Sul. De acordo com as regras de sucessão constitucional, o presidente do Supremo Tribunal (Cour suprême), Bonifácio Alexandre, assumiu a presidência interinamente e requisitou, de imediato, assistência das ONU para apoiar uma transição política pacífica e constitucional e manter a segurança interna. Nesse sentido, o Conselho de Segurança (CS) aprovou o envio da Força Multinacional Interina (MIF), liderada pelo Brasil, que prontamente iniciou seu desdobramento.
Quer dizer, os interesses internacionais, impuseram ao povo sofrido deste pequeno País, através dos seguidos bloqueios econômicos, miséria, fome e desespernaça. Nestas crises, onde não havia nem mesmo combustível, foram disimadas todas as florestas, para obtenção de lenha.
Para arrematar a desgraça deste País, onde a maioria do seu povo é de origem dos ex-escravos africanos, um terremoto mata milhares de pessoas no início deste ano e destrói o que ainda restava em pé.
O Brasil, em 2004, assumiu a liderança para a pacificação e reconstrução do Haiti, tarefa hercúlea que conseguiu, a duras penas, um início de reorganização política e social. Com o terremoto, o Presidente Lula, destinou 10 milhões de Reais para ajudar as vítimas mas, para variar, a direita reacionária, a oposição e os colunistas da mídia brasileira, deitaram críticas ao ato presidencial. Sob a justificativa de que o Brasil tem seus problemas, este dinheiro deveria ficar por aqui.



Se você quer saber mais sobre como ocorrem e em quais regiões do nosso planeta existe uma maior incidência de abalos sísmicos, encontrei no mesmo site da BBC uma interessante animação que mostra como acontecem os terremotos de forma clara e precisa. É só clicar no link abaixo.http://www.bbc.co.uk/portuguese/ciencia/2010/01/100113_terremotoguiaanimado.shtml