quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Após 9 anos de Nafta, México vive pobreza e desemprego

Assinado em 1994, o Acordo Norte-Americano de Livre Comércio (Nafta) foi vendido como a salvação para a economia mexicana. Após nove anos de acordo, mais da metade dos mexicanos vive na pobreza, 19% na indigência, e desemprego continua crescendo. Marco Aurélio Weissheimer, Agência Carta Maior, 3 de julho, 2003
Um dos principais argumentos utilizados pelo governo dos EUA para defender a criação da Área de Livre Comércio das Américas (Alca) é o benefício trazido pelo Acordo Norte-Americano de Livre Comércio (Nafta) aos países participantes (México, Canadá e EUA). A população mexicana ainda aguarda a concretização desses benefícios. Mais da metade dela vive na pobreza e 19% na indigência. Nos anos de vigência do Nafta, a cesta básica de alimentos aumentou em 560% o seu valor, enquanto que os salários cresceram apenas 136%.
O Nafta é um acordo de livre comércio que estabelece uma eliminação tarifária progressiva, de forma que após dez anos do início do acordo (1994), as barreiras comerciais deixariam de existir. Dentro das regras estabelecidas para o acordo, visou-se principalmente proteger as economias dos países envolvidos e impedir que outros países pudessem ter acesso ao mercado norte americano por meio desse acordo. Na área de serviços, o Nafta prevê uma abertura comercial, de forma a permitir o comércio entre fronteiras e ainda uma garantia de direitos de propriedade intelectual e tratamento diferenciado para os setores têxtil, de vestuário, automotriz, de energia, de agricultura, de transporte terrestre e de telecomunicações.
Em vigor desde 1994, o Nafta serve de exemplo para demonstrar o que acontece quando países em situações econômicas, sociais e tecnológicas muito diferentes organizam um bloco de livre circulação de investimentos e mercadorias. Segundo análise do Economic Policy Institute, de Washington, os resultados foram piores para o México, mas também trouxe derrotas para os trabalhadores norte-americanos. Empresas dos EUA fecharam e foram instalar-se no México, onde a mão-de-obra era mais barata e as leis trabalhistas mais flexíveis. Nos EUA, estima-se que pelo menos 766 mil postos de trabalho foram eliminados na indústria.
“Maquiladoras” são campeãs em trabalho infantil Uma das novidades introduzidas pelo Nafta foi a instalação das chamadas “maquiladoras” no México, empresas imunes às leis trabalhistas. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), essas empresas são as que mais empregam mão-de-obra infantil no planeta, colocando o país como campeão mundial da categoria: 5 milhões de crianças menores de 14 anos estão trabalhando. Elas são as únicas empresas que, estatisticamente, trouxeram mais empregos. De 1999 à 2000, cresceram 13,4% e ocupam 1,3 milhão de pessoas. Essa indústria é hoje responsável por 47% do total das exportações mexicanas. Os salários, porém, encolheram após o Nafta. Em 1994, era em média US$ 2,10 por hora na indústria manufatureira, caindo para US$ 1,90 por hora em 1999. E apesar do trabalho informal ter aumentado, a renda individual caiu 40% em média, já que não é possível haver espaço nem mercado para tantos trabalhadores demitidos do trabalho formal.
Os defensores do acordo argumentam que ele provocou uma grande elevação das exportações mexicanas. De fato, nos primeiros três meses de vigência do Nafta, as exportações do México cresceram 25%, mas suas importações aumentaram 73%. Ao invés das prometidas 600 mil vagas de emprego, ao final do primeiro trimestre havia 105.225 empregos a menos no país, segundo cifras oficiais. Enquanto isso, as exportações de automóveis produzidos nos EUA para o México cresceram cinco vezes em comparação com o mesmo período de 1993.
Aumento do desemprego Quando o Nafta entrou em vigor, em 1994, a opinião dominante era de que o México experimentaria uma nova fase de crescimento econômico, com forte geração de empregos. Os governos do Canadá, México e EUA assinaram o acordo anunciando uma era de prosperidade para toda a região. Dez anos depois, mais da metade da população mexicana permanece vivendo na pobreza e o desemprego cresce há dois anos, especialmente nos setores exportadores, os quais, supostamente, deveriam ser os maiores beneficiados pela assinatura do Nafta. A análise é do jornal Financial Times, em matéria publicada nesta terça-feira (dia 1°) que analisa os efeitos do Nafta para a economia mexicana. Segundo a matéria do jornal inglês, a economia mexicana fracassou na tentativa de melhorar sua competitividade durante a primeira década do Nafta, perdendo para a China o posto de maior exportador para os EUA.
O problema do desemprego vem se agravando em razão do quadro recessivo da economia norte-americana. A Volkswagen do México, instalada no município de Cuautlancingo, estado de Puebla, acaba de anunciar a demissão de dois mil trabalhadores, o que representa 20% do total de empregados da empresa. A empresa decidiu reduzir em 24% seu programa de produção para 2003 em razão da queda das vendas nos mercados de exportação, especialmente nos EUA. Segundo Thomas Karig Geretch, diretor de Relações Corporativas e Estratégia da empresa, as demissões são necessárias para “equilibrar os custos e manter a estabilidade das finanças”. “A redução de 24% no programa de produção tem como conseqüência direta a diminuição do número de trabalhadores”, admitiu o executivo da Volkswagen. A empresa admite rever sua decisão caso o sindicato de trabalhadores aceite discutir redução dos salários.
Além de causar sérios prejuízos para a economia de toda a região de Puebla, a decisão da Volkswagen é um fator de inquietação para as demais montadoras de automóveis instaladas no país, que também sofrem prejuízos com a queda nas vendas dos seus produtos. Essa queda é um indicativo da persistência do quadro recessivo nos EUA, principal mercado comprador dos automóveis produzidos no México.
Atrelamento total à economia dos EUA Segundo o economista Osvaldo Martinez, diretor do Centro de Investigações da Economia Mundial, o acordo trouxe mais prejuízos do que benefícios para o México, gerando um quadro de deterioração da economia nacional e de retrocesso social, com agravamento do problema do desemprego. Nos anos 70, sem o Nafta, a economia mexicana cresceu em média 6,6% ao ano, enquanto que nos anos 90, com o Nafta, seu crescimento foi de 3,1% ao ano. Examinando esse crescimento por habitante, nos anos 70 o produto per capita mexicano cresceu 3,4% em média por ano, enquanto que, nos anos 90, esse crescimento foi de apenas 1,3% ao ano.
Estima-se que, neste período, o trabalho informal abrange cerca de 50% do total dos trabalhadores mexicanos em atividade. Esses trabalhadores não têm qualquer direito trabalhista, recebem baixos salários, não têm direito à sindicalização, aposentadoria, férias ou licença por motivo de doença. Numa população perto de 100 milhões de habitantes, cerca de 20 milhões sobrevivem em precárias condições de trabalho.
Outro argumento utilizado pelos defensores do Nafta é que o acordo provocou um grande fluxo de investimentos internacionais para o México. De fato, entre 1998 e 2000, o México assistiu ao ingresso de 36,4 bilhões de dólares de investimentos estrangeiros. No entanto, no mesmo período, o déficit em conta corrente do país chegou a 48,7 bilhões de dólares. Em 2000, a dívida externa mexicana alcançava os 163,2 bilhões de dólares, mais do que o dobro da registrada em 1982, quando estourou a crise da dívida na América Latina.
Para Oswaldo Martinez, o Nafta representou uma crescente dependência das relações econômicas do México com os EUA. Antes do acordo, essas relações eram mais diversificadas com o resto do mundo. Após o Nafta, cerca de 74% das importações mexicanas vêm dos EUA e 89% das exportações são dirigidas a este país. Quando a economia norte-americana sofre uma queda, como ocorre atualmente, a mexicana cai junto.
Desnacionalização da economia As locomotivas da economia mexicana são cerca de 300 grandes empresas, a maioria delas filiais de transnacionais norte-americanas. Em torno delas, agrupam-se as empresas “maquiladoras”, (situadas na região da fronteira com os EUA, onde se montam produtos com peças e componentes vindos do país vizinho com vantagens decorrentes da mão-de-obra barata) que simplesmente fazem a montagem dos produtos e importam praticamente tudo, explorando a mão-de-obra mexicana, cerca de 15 vezes mais barata do que a norte-americana. Esse grupo de 300 empresas, somadas às maquiladoras, são responsáveis por cerca de 96% das exportações mexicanas. Os 4% restantes vêm de pequenas e médias empresas, permanentemente ameaçadas de absorção pela grande ou simplesmente de fechamento.
A desnacionalização da economia mexicana é total. No setor têxtil, 71% das empresas são norte-americanas, que se instalaram no país depois de aniquilar a concorrência mexicana. Segundo estudo feito por economistas mexicanos, para cada dólar de exportação industrial do México para os EUA, há apenas 18% de componentes nacionais. No caso das “maquiladoras”, para cada dólar exportado a participação de componentes mexicanos é de apenas 2 centavos. O transporte de carga por rodovias, após a criação do Nafta, foi liberado imediatamente, ao contrário do que ocorreu no processo de integração européia, onde essa experiência demorou 40 anos para virar realidade. Um dos efeitos dessa medida é que o estado do Texas rejeita cerca de 50% do transporte mexicano, o Arizona, 42% e a Califórnia, 28%. Os três estados fazem fronteira com o México.
Concorrência desigual na agricultura No setor agrícola, os prejuízos não são menores. Em janeiro deste ano, milhares de agricultores mexicanos reuniram-se na capital do país para uma enorme manifestação contra a entrada do México no Nafta. Os manifestantes pediram novas políticas agrícolas e pecuárias e a saída imediata do México da Nafta. Eles afirmam que uma cláusula do pacto que entrou em vigor em janeiro – permitindo a entrada de produtos agropecuários livres de taxação – terá um efeito devastador nas fazendas mexicanas. Segundo dados da Câmara Comercial Brasil-México, atualmente 90% do intercâmbio comercial mexicano é feito com os Estados Unidos. As exportações mexicanas de produtos agropecuários aumentaram nos últimos anos, saltando de US$ 3,2 bilhões, em 1993, para US$ 6,2 bilhões, em 2001. No entanto, a importação de produtos agropecuários norte-americanos pelo México também subiu muito.
Os produtores mexicanos, especialmente os pequenos e médios, não tiveram condições de enfrentar o poderoso sistema de subsídios que sustenta a agricultura norte-americana e a superioridade tecnológica dos seus vizinhos. A produção mexicana de arroz foi substituída pelas importações dos EUA, que representam hoje mais de 50% do consumo mexicano desse cereal. A batata, tradicional produto da pauta de exportações mexicana, foi barrada no mercado norte-americano, sob o pretexto de barreiras fito-sanitárias. Enquanto isso, a batata dos EUA invadiu o mercado mexicano.
O México também era um importante exportador de algodão. Passou a ser um dos maiores importadores do produto. A superfície agrícola do México foi reduzida e calcula-se que há hoje cerca de seis milhões de camponeses sem terra, que antes trabalham em cultivos que foram substituídos por produtos norte-americanos importados. Esses camponeses engrossaram as fileiras dos mexicanos que tentam atravessar o muro que os EUA construíram na fronteira com o México, ao longo do rio Grande. Muito deles acabam morrendo ou sendo presos pela polícia de imigração norte-americana. Após quase uma década de vigência do acordo, mais da metade da população mexicana não tem muito a comemorar.
Agência Carta Maior Mundo

A Ford na Bahia. Um exemplo de neocolonização e subserviência

"Povo que não tem virtudes termina por ser escravo"
Eu sou professor do Curso de Engenharia Mecânica da Universidade Federal da Bahia. Contando com a vinda da Ford começamos logo a fazer projetos de reestruturação do curso com foco na área automotiva, não era só a Ford, vinham mais 32 sistemistas. Hoje o desencanto é geral, já com a fabrica produzindo, verifica-se uma espetacular obra de predação ao estado. Mesmo com a procura insistente por parte de alguns professores deslumbrados, até hoje não existe qualquer relação, ou mesmo proposta, da Ford ou das sistemistas, com Escola Politécnica, que é a escola que reúne os cursos de engenharia na Universidade Federal da Bahia. A medida que vamos conhecendo melhor o empreendimento e as relações da montadora com a comunidade vamos percebendo, até com surpresa, a postura absolutamente avarenta, senhorial e assimétrica. É só "venha a nós o vosso reino" ou, seguindo a doutrina de Kennedy, "Não perguntes jamais o que a Ford pode fazer pela Bahia, mas sim o que a Bahia pode fazer pela Ford" Todo o universo, empresa mais fornecedoras, não absorveu mais que 20 engenheiros formados aqui na Bahia, a maioria vem de fora. Os salários são baixos, estão na faixa de R$ 1.500,00 a R$ 2.500,00 com um nível mínimo de assistência. A fábrica está localizada no complexo industrial de Camaçarí que abriga o Pólo Petroquímico, distante cerca de 55 km de Salvador. Pois a Ford não oferece nenhum tipo de transporte aos seus funcionários, ao contrário das outras empresas petroquímicas do complexo que transportam os seus trabalhadores, conforme é, aliás, tradição nas relações de trabalho em industrias que tem alguma distância do centro urbano. A Ford, o que fez em relação a esta prática? Foi exigir que a prefeitura de Camaçari, cidade que dista 7km. do distrito industrial do Pólo, construísse uma ciclovia, de Camaçari até a fábrica. Os empregos foram criados, em grande parte, no exterior. Por exemplo, a sistemista responsável pela pintura, uma empresa americana, trouxe todos os funcionários de nível, do México e dos Estados Unidos e pelo jeito que este pessoal está comprando residências, e trazendo a família, vieram para ficar, pelo menos, por algum tempo. Para os baianos restaram as vagas de emprego primário muito mal remuneradas, média de 500,00 reais quando as mesmas funções, em São Paulo, valem de 1.200,00 a 1500,00, no pólo petroquímico a média de funções equivalentes é de 760, 00 reais (e sem transporte, de Salvador, ou mesmo Camaçari, até a fábrica). As facilidades criadas para estimular a instalação da montadora mostram uma singular lição de subserviência e levaram a algumas concessões que são absolutamente escandalosas. A Ford exigiu, e obteve (aliás ganhou tudo o que quis, deve estar arrependida de não haver pedido mais) um contrato de financiamento de capital de giro no qual o Estado Tupiniquim, vejam só! Compromete-se a financiar um montante equivalente a 12% do faturamento bruto da empresa, oriundo das operações com produtos nacionais ou IMPORTADOS comercializados na Bahia. (é por isto que o pátio da empresa, estrategicamente escondido aos acessos normais da fábrica, está repleto de automóveis Ford Focus e camionetes Ranger vindos da Argentina, antes desembarcados em São Paulo que alem de ser o centro consumidor fica muito mais perto da procedência) Aqui vai um comentário; Apesar desta operação estar travestida de financiamento de capital de giro, na prática ela representa um incentivo fiscal, uma vez que o financiamento corresponderá ao total do ICMS devido, com prazo para pagamento de 22 anos, sendo que sobre este valor não incidirão juros e correção monetária e ainda poderá ser liquidado antecipadamente com descontos nunca concedidos em nosso sistema financeiro. É um exemplo de renuncia fiscal jamais visto. Pode parecer, mas os números não estão errados, foram obtidos através de um relatório interno do Tribunal de Contas do Estado (TCE). É uma facilidade tão imoral que não prevê qualquer correção, mesmo com o pagamento em 22 anos, após o qual se fará no valor histórico e com a possibilidade de desconto que pode alcançar a totalidade do débito. Que nome pode se dar a isto que não seja "doação". O que não está no contrato mas deve constar no acordo é o compromisso das espetaculares obras de infra estrutura, exigidas, ao capricho, pela Ford. Para construir o porto exclusivo da Ford, o estado da Bahia está pagando R$ 31 milhões á construtora Norberto Odebrecht. terá uma área de estacionamento com capacidade de 6000 veículos mas nem aí serão criados empregos porque a empresa que vai administrar o porto e operar os equipamentos é norte-americana, a Crowley, emprego nacional só para a mulher do cafezinho e para o vigilante. A malha viária, no entorno da fábrica, foi reconstruída segundo a exigência, de tal forma que as estradas que dela fazem parte, são hoje as mais perfeitas do país. A terraplenagem da fábrica, os acessos e o resto da infraestrutura também foram doados pelo Estado. Para atender a todas as imposições da montadora, incluindo o empréstimo, outra doação! conseguir financiar o compromisso, e honrar o acordo de vassalagem, o Governo da Bahia desviou o seu orçamento diminuindo flagrantemente o investimento social. A Educação e a Saúde encontram-se em um verdadeiro caos na Bahia (é proibido reprovar nas escolas estaduais, mesmo os alunos que não comparecem as provas passam de ano. O estado não pode arcar com o custo de reprovação). Mas agora vem o pior, pasmem! A região metropolitana de Salvador que já era recordista nacional de desemprego, teve, segundo relatório do DIEESE e também do IBGE, o índice de desemprego aumentado no ano passado, enquanto no mesmo período o desemprego na região metropolitana de Porto Alegre diminuiu! E vejam que ironia! Através do mesmo relatório, declara, que uma das causas deste rebaixamento, foi o crescimento da industria de substituição de produtos importados. Se o Governo tivesse aplicado um terço do que deu a Ford para o desenvolvimento de uma industria nacional, a Gurgel, por ex., eu não tenho duvida que em cinco ou seis anos o Brasil estaria exportando automóveis desenvolvidos com tecnologia endógena. É quixotesco? Quem foi que desenvolveu a tecnologia do motor 1000 ? Hoje a maior revolução na industria automotiva nacional. Há trinta e seis anos, a Coréia era um Paraguai em relação ao Brasil (que este exemplo sirva de estímulo ao nosso simpático vizinho).Quem não tem idéia do que é a Coréia hoje poderá conhece-la através das transmissões da Copa do Mundo. Tem Ford na Coréia? Mas tem fábrica Coreana nos Estados Unidos. Ao escrever este artigo duas frases me vem a lembrança que retratam o emblema desta contradição, uma eu encontrei em entrevista do Ministro da Educação, Paulo Renato Souza, à revista Exame quando ele declara.... não ser mais necessário realizar grandes investimentos em desenvolvimento de tecnologia pois esta já esta pronta lá fora, basta traze-la para o Brasil......, a outra eu busquei na letra do hino do Rio Grande, prega o seguinte: "Povo que não tem virtudes, termina por ser escravo"
*Iberê Luiz Nodari é professor do Departamento de Engenharia Mecânica, Escola Politécnica Universidade Federal da Bahia. Email: nodari@ufba.br

quinta-feira, 26 de março de 2009

Coreia do Norte teria posicionado míssil para lançamento

A Coreia do Norte teria posicionado o que se supõe ser um míssil de longo-alcance na plataforma de lançamentos de Musudan-ri, no nordeste do país, informaram nesta quarta-feira autoridades dos Estados Unidos ouvidas pela rede NBC News . No final do mês passado, o governo norte-coreano havia anunciado o lançamento de um foguete que, segundo Pyongyang, seria usado para colocar em órbita um satélite de telecomunicações.
Seul enviará navios para vigiar ações da Coreia do Norte

Estados Unidos, Japão e Coreia do Sul, no entanto, suspeitam que, na verdade, o país esteja planejando um teste com um míssil Taepodong-2, que, segundo especialistas, teria a capacidade de atingir os Estados norte-americanos do Alasca e do Havaí.De acordo com o governo norte-coreano, o lançamento do artefato, que teria "propósitos pacíficos", está programado para acontecer entre os dias 4 e 8 de abril. Teme-se, no entanto, que o teste possa acontecer já nos próximos dias.O Taepodong-2 foi testado pela primeira vez pelo governo norte-coreano em 2006, mas falhou menos de um minuto após o lançamento.Após o teste fracassado, a Organização das Nações Unidas aprovou uma resolução que proíbe a Coreia do Norte de desenvolver atividades balísticas.Segundo especialistas, tanto o lançamento de um satélite quanto o teste de um míssil utilizariam Taepodong-2.Falando durante sua visita oficial ao México, a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, afirmou que uma eventual tentativa por parte da Coreia do Norte de lançar um foguete seria considerada uma "provocação" pelos EUA."Nós fomos absolutamente claros. A intenção que foi comunicada pelos norte-coreanos de lançar um míssil, para qualquer propósito, será considerada um ato de provocação", disse Hillary.A secretária de Estado americana afirmou que seu país poderá recorrer à Organização das Nações Unidas e que um teste balístico comprometeria as chamadas "negociações de seis partes".Estas negociações - das quais também participam Coreia do Sul, Japão, Rússia e China - pretendem fazer com que Pyongyang aceite desmantelar seu programa nuclear em troca de auxílio internacional."Este caminho seguido pela Coreia do Norte terá um custo e consequências nas negociações de seis partes, que gostaríamos de ver retomadas. Pretendemos levar esta violação, caso ela aconteça, ao Conselho de Segurança na ONU".Na terça-feira, o governo norte-coreano já havia afirmado que qualquer sanção da ONU imposta por causa do lançamento significaria o fim das negociações sobre o desmantelamento de seu arsenal nuclear.O governo japonês já ameaçou enviar um navio equipado como um interceptador de mísseis para o Mar do Japão para derrubar o artefato norte-coreano.Nesta quarta-feira, o primeiro-ministro japonês, Taro Aso, afirmou que o conselho de segurança do Japão irá se reunir ainda nesta semana para tratar dos preparativos para a derrubada do míssil, caso ele ameace o país.A Coreia do Norte alertou os EUA, Japão e Coreia do Sul a não interferirem no lançamento.

Banco do Sul deverá ser lançado no segundo semestre, diz ministro venezuelano

O Banco do Sul "já é uma realidade" e deverá ser lançado no segundo semestre deste ano, afirmou nesta quarta-feira o ministro de Relações Exteriores da Venezuela, Nicolás Maduro. O chanceler venezuelano afirmou que o documento de fundação do banco foi finalizado durante a reunião dos ministros de Economia da Unasul (União das Nações Sul-Americanas), realizada na última segunda-feira, em Caracas."Estamos seguros de que, no segundo semestre deste ano, o Banco do Sul começará as operações", afirmou Maduro, logo depois de uma reunião bilateral com o chanceler argentino, Jorge Taiana, em Buenos Aires, nesta quarta-feira.O banco deverá ser inaugurado com um capital de US$10 bilhões, US$ 3 bilhões a mais do que foi acordado no ano passado.Deste novo total, US$6 bilhões serão injetados em partes iguais por Brasil, Argentina e Venezuela. O restante será complementado em parcelas de US$ 100 milhões por Bolívia, Equador, Paraguai e Uruguai.Depois de oito meses de impasse, os países-membros concordaram em uma fórmula que delimita o poder de decisão de cada país para a aprovação de empréstimos, problema que até agora havia impedido a consolidação do banco.A posição do Brasil era de que os votos dos países que mais aportassem capital no banco deveriam ter maior peso nas decisões.Essa proposta foi rejeitada principalmente pelo Equador, que teria argumentado que essa prática é a mesma aplicada pelo Banco Mundial.O Equador saiu em defesa da equação um país, um voto, independentemente do aporte financeiro destinado à instituição.Segundo uma fonte diplomática ouvida pela BBC Brasil, a solução para esta queda-de-braço foi definida em Caracas, na segunda-feira, por meio de uma "fórmula consensual que contempla as duas posições".O banco irá prever dois tipos de empréstimo, um "simples" e outro "complexo", com patamares de financiamento diferenciados.Para os empréstimos "simples", bastará a aprovação de uma maioria simples (51%) dos votos do Conselho Diretor.Para os projetos "complexos", no entanto, deverá ser aplicada uma fórmula combinada, com a aprovação de dois terços do Conselho Diretor, mais os votos de 66% do capital acionário do banco. Neste caso, Brasil, Argentina e Venezuela exercerão maior peso na decisão final.Essa metodologia, de acordo com a fonte diplomática, será finalizada em maio, durante uma reunião técnica que será realizada em Buenos Aires, para, entre outros detalhes, definir o teto de empréstimos da modalidade "simples".Isso porque os países de economias menores defendem um limite de empréstimo mais elevado, de fácil aprovação.A cautela viria dos ministros da Fazenda do Brasil e Argentina, que defendem a aprovação de um "patamar saudável" e menos arriscado para o banco.O Banco do Sul terá como foco principal o financiamento de projetos de desenvolvimento em infraestrutura e de integração comercial e energética, tanto para o setor público como o privado.A instituição financeira é uma iniciativa lançada pelo presidente da Venezuela, Hugo Chávez, com a qual ele pretende fazer frente aos organismos multilaterais de financiamento, como o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e o Banco Mundial (Bird).No final do ano passado, durante encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em Manaus, o presidente venezuelano chegou a defender a criação do banco como uma alternativa regional à crise financeira internacional.O ministro de Finanças da Venezuela, Ali Rodríguez, afirmou na última terça-feira que "o Banco exercerá um papel fundamental no fortalecimento dos aparelhos produtivos de seus integrantes".Depois da reunião técnica em Buenos Aires, o documento deverá ser apresentado durante uma cúpula dos chefes de governo da Unasul, em um ato oficial de fundação do Banco do Sul.Em seguida, o projeto será levado aos respectivos Congressos para a aprovação final.

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Índice de Desenvolvimento Juvenil retrata a vulnerabilidade da juventude brasileira

Foi lançado no dia 19/12/08, em Brasília, o Relatório de Desenvolvimento Juvenil 2007, estudo elaborado pelo sociólogo Julio Jacobo Waiselfisz. O lançamento acontece na sede da Rede de Informação Tecnológica Latino Americana (Ritla), situado na SHS Q.06, Conj. A, Bloco C - Salas 1102 a 1108, Ed. Brasil XXI.


Este é o terceiro relatório sobre o assunto – os anteriores foram divulgados em 2003 e em 2005. Utilizando as bases de dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (IBGE), do Subsistema de Informações de Mortalidade (Ministério da Saúde) e do Sistema Nacional de Avaliação do Ensino Básico (MEC), o estudo elabora um amplo panorama da situação da juventude nas 27 Unidades da Federação.

Lançado pela UNESCO em março de 2004, o Relatório de Desenvolvimento Juvenil revela a situação social e econômica dos jovens brasileiros na faixa de 15 a 24 anos A partir dessa análise, o Relatório propõe um indicador sintético das condições de vida da juventude denominado Índice de Desenvolvimento Juvenil (IDJ). Para sua construção são usados critérios semelhantes aos do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) – educação, saúde e trabalho – adaptando-os de modo a contemplar questões específicas relacionadas aos jovens.

Desta forma, o IDJ foi integrado pelas seguintes dimensões: educação (taxas de analfabetismo, de jovens que freqüentam o Ensino Médio em diante e a qualidade do ensino); saúde (índices de mortalidade por causas violentas e causas internas); e renda, indicada pelo rendimento familiar per capita dos jovens nos estados brasileiros.

A pesquisa dedicou capítulos específicos a cada uma dessas dimensões, verificando a incidência de diversos aspectos, como gênero, cor/raça, rural/urbano para compor um extenso painel dos diversos avanços e limitações no desenvolvimento humano da juventude do país. Além desses capítulos permanentes, o Relatório de 2007 elaborou um adendo para analisar as relações da juventude brasileira com o universo digital, especificamente, com a Internet.


Algumas conclusões da pesquisa:


• No IDJ, os primeiros lugares corresponderam ao Distrito Federal, Santa Catarina e São Paulo, Os últimos lugares no índice correspondem a Alagoas, Pernambuco e Maranhão.
• Resultado de políticas nacionais de combate ao analfabetismo e, fundamentalmente, da recente universalização na cobertura do Ensino Fundamental, o analfabetismo juvenil dá sinais de desaparecer em curto prazo. Se em 1993 a taxa de analfabetos jovens era de 8,2%, em 2001 caiu para 4,2%; em 2003 para 3,4% e em 2006 para 2,4%. A região Nordeste concentra 2/3% dos jovens analfabetos do País e o analfabetismo é maior entre os negros (3,2%) do que entre brancos (1,4%), e entre os homens (3,2%) do que entre as mulheres.
• A partir das avaliações realizadas pelo Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), conclui-se que a qualidade do ensino vem sofrendo erosão contínua desde 1997, com taxas decrescentes de aproveitamento nas provas.
• Só 33% dos jovens tiveram acesso à Internet, taxa que pode ser considerada extremamente baixa se comparada com a dos países da Europa.
O lançamento do Relatório de Desenvolvimento Juvenil 2007 é promovido pela Rede de Informação Tecnológica Latino Americana (RITLA), o Instituto Sangari e o Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT).

Fonte: Agência de Notícias dos Direitos da Infância (ANDI)


O ranking dos Estados brasileiros segundo o IDJ e os índices parciais, pode ser observado na tabela abaixo. O índice varia de 0 a 1, sendo que quanto mais próximo de zero piores as condições de vida dos jovens.

Unidade da federação - IDJ

Santa Catarina
0,673
Distrito Federal
0,652
Rio Grande do Sul
0,646
São Paulo
0,622
Paraná
0,600
Minas Gerais
0,565
Goiás
0,558
Rio de Janeiro
0,557
Mato Grosso do Sul
0,543
Mato Grosso
0,530
Espírito Santo
0,502
Rio Grande do Norte
0,479
Tocantins
0,474
Amapá
0,473
Rondônia
0,472
Bahia
0,463
Maranhão
0,442
Ceará
0,440
Pará
0,438
Amazonas
0,428
Sergipe
0,425
Piauí
0,423
Roraima
0,413
Paraíba
0,396
Acre
0,385
Pernambuco
0,361
Alagoas
0,337

A crise financeira que atinge a economia dos EUA

A crise no mercado hipotecário dos EUA é uma decorrência da crise imobiliária pela qual passa o país, e deu origem, por sua vez, a uma crise mais ampla, no mercado de crédito de modo geral. O principal segmento afetado, que deu origem ao atual estado de coisas, foi o de hipotecas chamadas de "subprime", que embutem um risco maior de inadimplência.
O mercado imobiliário americano passou por uma fase de expansão acelerada logo depois da crise das empresas "pontocom", em 2001. Os juros do Federal Reserve (Fed, o BC americano) vieram caindo para que a economia se recuperasse, e o setor imobiliário se aproveitou desse momento de juros baixos. A demanda por imóveis cresceu, devido às taxas baixas de juros nos financiamentos imobiliários e nas hipotecas. Em 2003, por exemplo, os juros do Fed chegaram a cair para 1% ao ano.
Em 2005, o "boom" no mercado imobiliário já estava avançado; comprar uma casa (ou mais de uma) tornou-se um bom negócio, na expectativa de que a valorização dos imóveis fizesse da nova compra um investimento. Também cresceu a procura por novas hipotecas, a fim de usar o dinheiro do financiamento para quitar dívidas e, também, gastar (mais).
As empresas financeiras especializadas no mercado imobiliário, para aproveitar o bom momento do mercado, passaram a atender o segmento "subprime". O cliente "subprime" é um cliente de renda muito baixa, por vezes com histórico de inadimplência e com dificuldade de comprovar renda. Esse empréstimo tem, assim, uma qualidade mais baixa --ou seja, cujo risco de não ser pago é maior, mas oferece uma taxa de retorno mais alta, a fim de compensar esse risco.
Em busca de rendimentos maiores, gestores de fundos e bancos compram esses títulos "subprime" das instituições que fizeram o primeiro empréstimo e permitem que uma nova quantia em dinheiro seja emprestada, antes mesmo do primeiro empréstimo ser pago. Também interessado em lucrar, um segundo gestor pode comprar o título adquirido pelo primeiro, e assim por diante, gerando uma cadeia de venda de títulos.
Porém, se a ponta (o tomador) não consegue pagar sua dívida inicial, ele dá início a um ciclo de não-recebimento por parte dos compradores dos títulos. O resultado: todo o mercado passa a ter medo de emprestar e comprar os "subprime", o que termina por gerar uma crise de liquidez (retração de crédito).
Após atingir um pico em 2006, os preços dos imóveis, no entanto, passaram a cair: os juros do Fed, que vinham subindo desde 2004, encareceram o crédito e afastaram compradores; com isso, a oferta começa a superar a demanda e desde então o que se viu foi uma espiral descendente no valor dos imóveis.
Com os juros altos, o que se temia veio a acontecer: a inadimplência aumentou e o temor de novos calotes fez o crédito sofrer uma desaceleração expressiva no país como um todo, desaquecendo a maior economia do planeta --com menos liquidez (dinheiro disponível), menos se compra, menos as empresas lucram e menos pessoas são contratadas.
No mundo da globalização financeira, créditos gerados nos EUA podem ser convertidos em ativos que vão render juros para investidores na Europa e outras partes do mundo, por isso o pessimismo influencia os mercados globais.
Financiadoras
Em setembro do ano passado, o BNP Paribas Investment Partners --divisão do banco francês BNP Paribas-- congelou cerca de 2 bilhões de euros dos fundos Parvest Dynamic ABS, o BNP Paribas ABS Euribor e o BNP Paribas ABS Eonia, citando preocupações sobre o setor de crédito 'subprime' (de maior risco) nos EUA. Segundo o banco, os três fundos tiveram suas negociações suspensas por não ser possível avaliá-los com precisão, devido aos problemas no mercado "subprime" americano.
Depois dessa medida, o mercado imobiliário passou a reagir em pânico e algumas das principais empresas de financiamento imobiliário passaram a sofrer os efeitos da retração; a American Home Mortgage (AHM), uma das 10 maiores empresa do setor de crédito imobiliário e hipotecas dos EUA, pediu concordata. Outra das principais empresas do setor, a Countrywide Financial, registrou prejuízos decorrentes da crise e foi comprada pelo Bank of America.
Bancos como Citigroup, UBS e Bear Stearns têm anunciado perdas bilionários e prejuízos decorrentes da crise. Entre as vítimas mais recentes da crise estão as duas maiores empresas hipotecárias americanas, a Fannie Mae e a Freddie Mac. Consideradas pelo secretário do Tesouro dos EUA, Henry Paulson, "tão grandes e tão importantes em nosso sistema financeiro que a falência de qualquer uma delas provocaria uma enorme turbulência no sistema financeiro de nosso país e no restante do globo", no dia 7 deste mês foi anunciada uma ajuda de até US$ 200 bilhões.
As duas empresas possuem quase a metade dos US$ 12 trilhões em empréstimos para a habitação nos EUA; no segundo trimestre, registraram prejuízos de US$ 2,3 bilhões (Fannie Mae) e de US$ 821 milhões (Freddie Mac).
Menos sorte teve o Lehman Brothers: o governo não disponibilizou ajuda como a que foi destinada às duas hipotecárias. O banco previu na semana passada um prejuízo de US$ 3,9 bilhões e chegou a anunciar uma reestruturação. Antes disso, o banco já havia mantido conversas com o KDB (Banco de Desenvolvimento da Coréia do Sul, na sigla em inglês) em busca de vender uma parte sua, mas a negociação terminou sem acordo.
O Bank of America e o Barclays também recuaram, depois que ficou claro que o governo não iria dar suporte à compra do Lehman. Restou ao banco entregar à Corte de Falências do Distrito Sul de Nova York um pedido de proteção sob o "Capítulo 11", capítulo da legislação americana que regulamenta falências e concordatas.
Combate
Como medida emergencial para evitar uma desaceleração ainda maior da economia --o que faz crescer o medo que o EUA caiam em recessão, já que 70% do PIB americano é movido pelo consumo--, o presidente americano, George W. Bush, sancionou em fevereiro um pacote de estímulo que incluiu o envio de cheques de restituição de impostos a milhões de norte-americanos.
O pacote estipulou uma restituição de US$ 600 para cada contribuinte com renda anual de até US$ 75 mil; e US$ 1.200 para casais com renda até US$ 150 mil, além de US$ 300 adicionais por filho. Quem não paga imposto de renda, mas recebe o teto de US$ 3 mil anuais, teve direito a cheques de US$ 300.
FONTE: Folha Online

sábado, 31 de janeiro de 2009

Espaço geográfico e paisagem

Espaço geográfico
A paisagem construída pela sociedade

Quando você abre a janela e observa a rua, ou o que houver ao redor de sua casa, você está diante de uma paisagem.Esteja no campo, ou na cidade, você observará elementos que podem ser naturais ou construídos pelos seres humanos.Os elementos naturais numa paisagem são, por exemplo: as árvores (e outros tipos de plantas que não foram cultivadas pelas pessoas), os rios, o solo, os morros, o mar. Há paisagens nas quais existem muitos elementos naturais, como as que podemos observar em florestas (a Amazônica, por exemplo, que vem sofrendo com o desmatamento acelerado nos últimos anos).
Já os elementos da paisagem que foram construídos pelos seres humanos, pelas mulheres e homens, são chamados de humanizados, culturais ou mesmo artificiais. São as casas, os edifícios, as ruas, os viadutos, as plantações (cultivos), as pastagens formadas pelas pessoas. Esses elementos são um resultado da ação humana, do trabalho de mulheres e homens.

Mas nas paisagens também existem outros aspectos percebidos pelos nossos sentidos: os sons, os cheiros, os movimentos - a circulação de pessoas e de veículos.

Paisagem humanizada
Considerando os movimentos nas paisagens, podemos perceber que elas mudam de um momento para outro. Por isso, afirmamos que elas são dinâmicas, estão sendo constantemente modificadas. Elas podem ser modificadas também: quando casas ou prédios são derrubados, e outros são construídos; quando uma área de floresta é desmatada; quando ocorre uma colheita numa área cultivada, por exemplo, com arroz; quando ruas, viadutos, pontes, rodovias, são construídos, etc.No mundo atual praticamente não existe paisagem natural; são muito restritas as áreas onde existem apenas elementos naturais. Os oceanos, por exemplo, são constantemente atravessados por navios de todo tipo, seus recursos são explorados (inclusive de seu subsolo), em seus leitos há milhares de quilômetros de cabos submarinos feitos de cobre ou fibra óptica, que possibilitam as comunicações entre milhões de pessoas de diferentes continentes, diariamente. Em diversos trechos da floresta Amazônica são desenvolvidas pesquisas, atividades de exploração, muitas delas prejudiciais ao ambiente.A paisagem humanizada (artificial ou cultural) é a que está presente nos mais vastos recantos do planeta. Nela coexistem elementos naturais e artificiais, havendo uma predominância destes últimos. No entanto, é preciso considerar que mesmo muitas plantas que existem nas paisagens bastante humanizadas, como as das grandes cidades, não apareceram e cresceram naturalmente, elas foram plantadas pelas pessoas. A sua existência, portanto, naquele determinado local, é resultado da ação humana.

Modificações e descobertas

Nas paisagens também encontramos elementos que foram construídos em diferentes épocas. Muitas vezes, em áreas onde a ocupação humana é antiga e contínua, verifica-se a presença de construções de diferentes períodos históricos. Em relação a isso, podemos pensar, por exemplo, em regiões da Índia e da Itália. Mas podemos também considerar algumas cidades brasileiras que foram fundadas no primeiro século da presença dos portugueses no Brasil: Olinda, Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador, entre outras. Nessas cidades e em muitas outras coexistem o velho e o novo, o antigo e o moderno.As modificações nas paisagens também estão relacionadas com as novas descobertas que os seres humanos vão realizando, em termos tecnológicos, que fazem surgir novos modos de se produzir, novas mercadorias e novas formas arquitetônicas, entre outros. Por outro lado, há mudanças nas paisagens que são resultado de fatores naturais como a alternância entre o dia e a noite, e entre as estações do ano (quando podem ser percebidas, dependendo da localização); ou até de terremotos, por exemplo.

Espaço geográfico

Se fossemos consultar num dicionário a palavra espaço, constataríamos que há uma grande quantidade de significados. Para geografia o espaço são as paisagens, as relações que se estabelecem entre as pessoas (sociais, econômicas, políticas, etc.), as relações entre as pessoas e a natureza, e as próprias pessoas. Esse espaço é chamado de espaço geográfico.Percebemos, assim, que a noção de espaço geográfico é mais ampla que a de paisagem. Ao pensarmos no espaço geográfico estamos pensando nos elementos e aspectos que existem nas paisagens, mas também nas diversas ações que as pessoas realizam nas paisagens. Essas ações correspondem aos variados tipos de atividades humanas: trabalho, estudo, lazer. Envolvem, portanto, relações econômicas, sociais e políticas. Trata-se de algo bastante dinâmico.

ATIVIDADE

As imagens mostram a cidade de Essen, na Alemanha, em três momentos históricos. Observe-as com toda atenção e faça a descrição de cada uma. Posteriormente, elabore um texto relacionando-as.

Tema: "As transformações da paisagem na cidade de Essen".
CONCEITOS DESENVOLVIDOS NA ATIVIDADE: paisagem e espaço geográfico.




ESSEN - 1829



ESSEN - 1867




ESSEN - HOJE
Terra Geographie 1. Stuttgart, Klett, 1991. Fonte: Adaptado do vestibular - PUC/SP (1995).
Profº Rodrigo/Geografia

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

IDH



Quinta-feira, 29 de Janeiro de 2009

Índice de Desenvolvimento Humano (IDH)


Imagem capturada na Internet

Tal como prometi aos alunos, estou disponibilizando a lista dos países que constam no Relatório de Desenvolvimento Humano (RDH) de 2007-2008, divulgado no final do ano passado (novembro), porém os dados utilizados são de 2005.Desde o início dos anos 90, a Organização das Nações Unidas (ONU) passou a classificar anualmente os países em função da qualidade de vida, a qual é expressa através do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH).Esse índice expressa a qualidade de vida das pessoas com base na renda per capita, no grau de saúde e nas condições educacionais da população.A renda per capita corresponde à renda nacional de um país dividida pelo número de seus habitantes. A renda nacional é a soma de todos os rendimentos recebidos durante um ano pelos habitantes de um país, como salários, lucros, aluguéis, juros etc.O grau de saúde é indicado pela expectativa de vida, isto é, pelo número de anos que as pessoas vivem em média, o que – por sua vez – depende muito dos índices de mortalidade, na qual se inclui a mortalidade infantil.As condições de educação referem-se aos índices de analfabetismo e à taxa de matrículas no Ensino Fundamental, Médio e Superior.
Como vimos, em sala de aula, a tabela de conversão do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) varia de 0 a 1, na seguinte ordem:

- igual ou maior que 0,800 (IDH elevado)

- de 0,500 a 0,799 (IDH médio)

- menor que 0,500 (IDH baixo).

Neste último Relatório, o Brasil ocupa o 70º da lista, estando na categoria dos países de IDH elevado, ou seja, ele se configura entre os 70 países com qualidade de vida alto.Será que os indicadores utilizados, principalmente de ordem econômica, é adequado para avaliar a realidade dos países, principalmente, os subdesenvolvidos, onde a má distribuição de renda é algo bastante expressivo? Será que ele não escamoteia a realidade?Vamos discutir isso, em sala de aula, à partir da charge abaixo:



Imagem capturada na Internet
IDH Elevado
1. Islândia (0,968)2. Noruega (0,968)3. Austrália (0,962)4. Canadá (0,961)5. Irlanda (0,959)6. Suécia (0,956)7. Suíça (0,955)8. Japão (0,953)9. Holanda (0,953)10. França (0,952)11. Finlândia (0,952)12. Estados Unidos (0,951)13. Espanha (0,949)14. Dinamarca (0,949)15. Áustria (0,948)16. Reino Unido (0,946)17. Bélgica (0,946)18. Luxemburgo (0,944)19. Nova Zelândia (0,943)20. Itália (0,941)21. Hong Kong (China RAE - 0,937)22. Alemanha (0,935)23. Israel (0,932)24. Grécia (0,926)25. Singapura (0,922)26. Coréia do Sul (0,921)27. Eslovênia (0,917)28. Chipre (0,903)29. Portugal (0,897)30. Brunei (0,894)31. Barbados (0,892)32. República Tcheca (0,891)33. Kuwait (0,891)34. Malta (0,878)35. Catar (0,875)36. Hungria (0,874)37. Polônia (0,870)38. Argentina (0,869)39. Emirados Árabes Unidos (0,868)40. Chile (0,867)41. Barém (0,866)42. Eslováquia (0,863)43. Lituânia (0,862)44. Estônia (0,860)45. Letônia (0,855)46. Uruguai (0,852)47. Croácia (0,850)48. Costa Rica (0,846)49. Bahamas (0,845)50. Seichelles (0,843)51. Cuba (0,838)52. México (0,829)53. Bulgária (0,824)54. São Cristovam e Névis (0,821)55. Tonga (0,819)56. Líbia (0,818)57. Antígua e Barbuda (0,815)58. Omã (0,814)59. Trinidade e Tobago (0,814)60. Romênia (0,813)61. Arábia Saudita (0,812)62. Panamá (0,812)63. Malásia (0,811)64. Belarus (Bielorrúsia - 0,804)65. Maurício (0,804)66. Bósnia e Herzegovina (0,803)67. Federação Russa (0,802)68. Albânia (0,801)69. Macedônia (0,801)70. Brasil (0,800)
IDH MÉDIO
71. Dominica (0,798)72. Santa Lúcia (0,795)73. Cazaquistão (0,794)74. Venezuela (0,792)75. Colômbia (0,791)76. Ucrânia (0,788)77. Samoa Ocidental (0,785)78. Tailândia (0,781)79. República Dominicana (0,779)80. Belize (0,778)81. China (0,777)82. Granada (0,777)83. Armênia (0,775)84. Turquia (0,775)85. Suriname (0,774)86. Jordânia (0,773)87. Peru (0,773)88. Líbano (0,772)89. Equador (0,772)90. Filipinas (0,771)91. Tunísia (0,766)92. Fiji (0,762)93. São Vicente e Granadinas (0,761)94. Irã (0,759)95. Paraguai (0,755)96. Geórgia (0,754)97. Guiana (0,750)98. Azerbaijão (0,746)99. Sri Lanka (0,743)100. Maldivas (0,741)101. Jamaica (0,736)102. Cabo Verde (0,736)103. El Salvador (0,735)104. Argélia (0,733)105. Vietname (0,733)106. Palestina (0,731)107. Indonésia (0,728)108. Síria (0,724)109. Turquemenistão (0,713)110. Nicarágua (0,710)111. Moldávia (0,708)112. Egito (0,708)113. Usbequistão (0,702)114. Mongólia (0,700)115. Honduras (0,700)116. Quirguistão (0,696)117. Bolívia (0,695)118. Guatemala (0,689)119. Gabão (0,677)120. Vanuatu (0,674)121. África do Sul (0,674)122. Tajiquistão (0,673)123. São Tomé e Príncipe (0,654)124. Botswana (0,654)125. Namíbia (0,650)126. Marrocos (0,646)127. Guiné Equatorial (0,642)128. Índia (0,619)129. Ilhas Salomão (0,602)130. Laos (0,601)131. Cambodja (0,598)132. Mianmar (0,583)133. Butão (0,579)134. Comores (0,561)135. Gana (0,553)136. Paquistão (0,551)137. Mauritânia (0,550)138. Lesoto (0,549)139. Congo (0,548)140. Bangladesh (0,547)141. Suazilândia (0,547)142. Nepal (0,534)143. Madagáscar (0,533)144. Camarões (0,532)145. Papua Nova-Guiné (0,530)146. Haiti (0,529)147. Sudão (0,526)148. Quênia (0,521)149. Djibouti (0,516)150. Timor Leste (0,514)151. Zimbabué (0,513)152. Togo (0,512)153. Iêmen (0,508)154. Uganda (0,505)155. Gâmbia (0,502)
IDH BAIXO
156. Senegal (0,499)157. Eritréia (0,483)158. Nigéria (0,470)159. Tanzânia (0,467)160. Guiné (0,456)161. Ruanda (0,452)162. Angola (0,446)163. Benim (0,437)164. Malawi (0,437)165. Zâmbia (0,434)166. Costa do Marfim (0,432)167. Burundi (0,413)168. Congo, Rep. Democrática (0,411)169. Etiópia (0,406)170. Chade (0,388)171. República Centro-Africana (0,384)172. Moçambique (0,384)173. Mali (0,380)174. Níger (0,374)175. Guiné-Bissau (0,374)176. Burquina-Faso (0,370)177. Serra Leoa (0,336)